Os produtores de cana-de-açúcar do Nordeste afirmam que o momento é delicado para a atividade na região após queda no preço da matéria-prima pago aos produtores neste ano. De acordo com a Associação de Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), a queda nas cotações é resultado da desvalorização internacional do açúcar e do tarifaço dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
"A crise é grande, os produtores não vão conseguir honrar seus pagamentos sem ajuda porque a conta não fecha. Estamos sendo remunerados abaixo do que investimos e a continuar assim, o produtor não terá condições nem de adubar sua cana", afirmou, em nota, o presidente da Asplan, José Inácio.
Ele lembra que em 2024, neste mesmo período, o valor da cana era de R$ 175 por tonelada e que a projeção para novembro é de R$ 134,31, equivalente ao valor negociado há quatro anos atrás.
Para o enfrentamento da crise, o setor está pleiteando ajuda dos governos federal e estadual. Segundo a Asplan, em Pernambuco, segundo maior produtor de cana-de-açúcar do Nordeste, já há uma audiência pública marcada para o próximo dia 1º de dezembro para debater a crise.
Na Paraíba, diretores da associação buscam apoio de parlamentares em Brasília na aprovação de uma subvenção de R$ 12 por tonelada de cana e já solicitaram audiência com o governador João Azevêdo para expor a situação e discutir soluções que minimizem a situação, principalmente de micro e pequenos produtores que são os que mais sofrem e representam 80% do segmento no Estado.
Além das tratativas com os governos locais, o setor se articula no Congresso para incluir na Medida Provisória 1.309, que instituiu o Plano Brasil Soberano, o auxílio emergencial, a título de equalização, de R$ 12 por tonelada.
"Esse valor não acaba a crise, mas ameniza a situação do produtor que, na atual conjuntura, é, de fato, desesperadora. Imagine você investir para produzir uma tonelada de cana e receber muito menos do que você investiu. É isso que está acontecendo", pontuou José Inácio.
Segundo cálculos do Valor Data, os preços do açúcar na bolsa de Nova York, que balizam os valores no mercado interno, caíram 17% neste ano. Analistas reiteram que o momento é de baixa para as cotações devido à expectativa de uma produção favorável. Nesta semana, a International Sugar Organization (ISO) estimou superávit de 1,625 milhão de toneladas na safra global 2025/2026.