Segundo ela, um ponto importante é que enquanto a produção de gado bovino caiu, a demanda por carne aumentou entre os americanos, levando à menor relação de abastecimento desde 2005.
O CEO da JBS USA, Wesley Filho, afirmou na sexta-feira (14/11), em teleconferência com analistas para comentar o balanço do terceiro trimestre, que as condições de oferta de gado reduziram pela metade o volume de carne bovina processada pela empresa no país, em relação ao praticado há dois anos.
O negócio de carne bovina ficou com margens negativas no terceiro trimestre, fator que pressionou o resultado consolidado do grupo no período. O lucro da JBS caiu 16%, no comparativo anual, para US$ 581 milhões, conforme balanço divulgado na última semana.
"A gente acha que em 2026 ainda vai ser um pouco difícil e a partir daí a coisa vai melhorar gradualmente. Vai ser uma melhora gradual a partir de 2027", estimou Wesley Filho sobre o processo de recuperação da produção pecuária nos EUA.
Segundo ele , enquanto a oferta de bovinos continuar apertada, o mercado americano verá aumento de demanda por outras proteínas. "Suíno e frango seguem como opções mais acessíveis financeiramente (para o consumidor)", acrescentou. Isso favorece companhias que têm diversificação de proteínas, como a JBS.
Do ponto de vista financeiro, o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, acredita que o problema de oferta de bovinos dos EUA continuará, "com toda certeza", pesando sobre os balanços dos frigoríficos que operam no mercado americano. "Está longe de se resolver a questão do ciclo do gado por lá", enfatizou Cruz.
Em uma visão mais otimista, Renata Cabral, analista do Citi afirmou que o mercado continua "excessivamente focado na baixa cíclica da carne bovina dos EUA e na volatilidade passada no Brasil, subestimando uma base de ganhos mais diversificada" da JBS e um balanço financeiro sólido.
Para a especialista, apesar de uma queda de 16% no lucro, a JBS ainda conta com potencial de valorização que a coloque em linha com seus pares nos Estados Unidos, como a Tyson Foods.
No cenário de oferta restrita, que contribui para o aumento dos preços da carne ao consumidor americano, o governo Trump solicitou, no dia 7, que o Departamento de Justiça investigue frigoríficos que atuam no país, devido à alta da proteína. Ele alega suposta manipulação e fixação de preços. Entre os grandes estão a JBS e a National Beef.