Em agosto, a produção da agroindústria brasileira caiu 2,1% em relação a agosto de 2024, pressionada especialmente pelo fraco desempenho das indústrias de produtos não alimentícios. Essa foi a terceira queda mensal consecutiva.
A versão mais recente do Índice de Produção Agroindustrial PIMAgro, do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro), é a primeira a apresentar dados de um mês em que a sobretaxa americana sobre produtos brasileiros já estava em vigor. Os pesquisadores do FGV Agro observam, no entanto, que as tarifas de 50% que os Estados Unidos passaram a cobrar sobre as importações de uma série de itens — no agro, café e carne foram os dois principais alvos da medida — não são o único percalço que a agroindústria tem enfrentado em 2025.
"O ano de 2025 tem sido desafiador para a agroindústria. Os números de agosto reforçam essa percepção [com a] economia brasileira em ritmo de desaceleração devido, principalmente, à política monetária restritiva; à valorização do real, que reduz a competitividade e/ou a receita de alguns produtos agroindustriais brasileiros no mercado internacional; [e] os efeitos de primeira e segunda ordens decorrentes do tarifaço", escreveram os pesquisadores.
A produção do segmento de produtos alimentícios e bebidas caiu 0,2% em agosto, em decorrência, exclusivamente, do declínio da produção de bebidas alcoólicas, que caiu 11,8%. Entre os produtos não alimentícios, os biocombustíveis tiveram queda de 24,1%, seu pior resultado para o mês desde 2003, início da série histórica.